Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro é preso pela PF ao desembarcar no aeroporto de Brasília

O ex-secretário de Segurança do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro (PL), Anderson Torres, foi preso na manhã de hoje no aeroporto de Brasília.

Torres estava de férias em Orlando, nos Estados Unidos, e seu voo chegou ao Brasil por volta das 7h20.

A prisão havia sido decretada por Alexandre de Moraes, do STF, na terça (10/01). Segundo passageiros, o ex-ministro saiu do avião escoltado por policiais federais antes dos demais viajantes.

A Polícia Federal confirmou que Torres recebeu voz de prisão no hangar da corporação. Em seguida, foi levado do aeroporto para o 4º batalhão da Polícia Militar do DF, onde permanece provisoriamente.

Por determinação de Moraes, a audiência de custódia será realizada online, às 12h30 —e vai definir onde Torres ficará preso. Às 9h33, a PF divulgou nota oficial. “Ele, que é policial federal, foi preso ao desembarcar no Aeroporto de Brasília e encaminhado para a custódia, onde permanecerá à disposição da Justiça”, diz o texto. “As investigações seguem em sigilo.”

Ex-ministro no momento do desembarque em Brasília

 Defesa.

Na noite de ontem, usando máscara e boné, Torres foi escoltado pela polícia de Miami enquanto embarcava para o Brasil. Os advogados dele, representados por Rodrigo Roca, informaram à reportagem que devem se reunir com o preso ainda hoje

“Tomei a decisão de interromper minhas férias e retornar ao Brasil. Irei me apresentar à Justiça e cuidar da minha defesa. Sempre pautei minhas ações pela ética e pela legalidade. Acredito na Justiça brasileira e na força das instituições. Estou certo de que a verdade prevalecerá,” disse Anderson Torres, em nota divulgada na terça-feira (10/01).

‘Atos e omissões’.

O ex-ministro de Bolsonaro foi exonerado da Secretaria de Segurança do DF no domingo (8/01), depois que bolsonaristas golpistas invadiram as sedes dos Três Poderes —o Congresso, o Palácio do Planalto e o STF. No cargo, Torres era responsável pela Polícia Militar, que não conteve os ataques. Para o governo federal, há indícios de negligência por parte do comando da segurança na capital federal.

A prisão foi decretada a pedido da AGU (Advocacia-Geral da União). Moraes também autorizou busca e apreensão na casa do ex-ministro

Durante a operação, agentes da PF encontraram uma proposta de decreto para reverter o resultado da eleição. Torres disse que o documento foi tirado de contexto e seria inutilizado. No Brasil, ele deverá esclarecer quem redigiu o texto e em quais circunstâncias.

Ainda nesta semana, o Planalto recebeu informações sobre um encontro de Torres e Bolsonaro em Orlando.

Nomeação controversa.

Torres já havia sido secretário de Ibaneis Rocha (MDB-DF) antes de ser indicado como ministro de Bolsonaro. Voltou ao cargo no início deste ano, apesar de aliados de Ibaneis desaconselharem a nomeação.

No domingo, após a invasão e a depredação dos Três Poderes, Ibaneis foi afastado do governo por 90 dias.

Em depoimento, ontem, ele negou negligência e disse que não foi informado dos riscos das manifestações.

A carreira de Anderson Torres:

-Foi papiloscopista da Polícia Civil de Goiás.

Delegado da PF desde 2003,

-Foi diretor de assuntos legislativos da ADPF (Associação dos Delegados da Polícia Federal), sendo responsável por fazer lobby no Congresso pelos interesses da categoria.

-Também foi chefe de gabinete do então deputado federal Fernando Francischini (União Brasil-PR), um dos principais líderes da bancada da bala e um dos poucos amigos de Bolsonaro na Câmara.

-Por meio de Francischini, aproximou-se do ex-presidente e da família. Chegou a ser cotado para assumir o Ministério da Justiça no início do governo, mas foi atropelado pelo convite ao ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR).

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