A demissão coletiva dos médicos obstetras do Hospital Deputado Luís Eduardo Magalhães (HDLEM), ocorrida nos últimos dias, desencadeou uma crise grave no atendimento às gestantes de Porto Seguro e região. Cerca de oito profissionais, responsáveis pelos serviços de obstetrícia, deixaram simultaneamente seus cargos após alegarem redução salarial imposta pela nova gestora do hospital, a SETES.
Até esta terça-feira (2/12), nenhum dos profissionais havia sido substituído, deixando o setor em condição crítica. Para suprir emergencialmente a ausência dos obstetras, a SETES improvisou o atendimento com um clínico geral e um cardiologista, situação que alarmou pacientes, familiares e autoridades locais, uma vez que gestantes necessitam de suporte especializado e contínuo.
A SETES assumiu a administração do HDLEM após o Instituto IGH ser afastado pelo Governo do Estado por constatação de diversas irregularidades. Em nota, a nova gestora afirmou que um novo grupo de profissionais já foi contratado e que a escala completa de obstetras será restabelecida a partir desta quarta-feira (3/12).
Crise chega ao debate na Câmara Municipal
A situação foi amplamente discutida na sessão desta terça-feira da Câmara de Vereadores de Porto Seguro. Os pronunciamentos foram marcados por forte tom de indignação e preocupação com a falta de atendimento adequado às gestantes — um público que, mais do que qualquer outro, demanda atenção especializada.
Entre os discursos mais enfáticos, destacou-se o do vereador Bolinha, que classificou o cenário como inaceitável e expôs a gravidade do improviso realizado pela gestão do hospital. O vereador relatou esforços de articulação com autoridades políticas, incluindo o prefeito Jânio Natal, para minimizar os danos causados pela debandada dos obstetras.
Segundo Bolinha, o prefeito acionou a Secretaria Municipal de Saúde para auxiliar o Estado na recomposição emergencial da equipe, visando impedir que gestantes enfrentem sofrimento, insegurança e abandono em um dos momentos mais delicados da vida.
Prefeito Jânio Natal se pronuncia sobre o caos no HDLEM
Diante da repercussão e do agravamento da crise, o prefeito Jânio Natal reforçou o posicionamento de apoio às gestantes e criticou duramente a situação vivida no hospital regional:
“O que está acontecendo no HDLEM é um verdadeiro caos. É inadmissível que gestantes fiquem sem atendimento por falta de médicos obstetras. Estamos buscando todas as formas de ajudar, mesmo o hospital sendo de responsabilidade do Estado. A saúde das mães e dos bebês não pode esperar um dia sequer. Estamos cobrando providências imediatas e oferecendo suporte para evitar que essa negligência resulte em tragédias.”
O prefeito destacou ainda que, embora o HDLEM seja administrado pelo Governo do Estado e pela SETES, o município não se omitirá diante de uma crise que afeta diretamente a vida e a segurança das famílias de Porto Seguro.
Expectativa pela normalização
Com a promessa de que novos profissionais assumirão as escalas a partir desta quarta (3/12), a expectativa da população é de que o atendimento volte à normalidade o mais rápido possível. Até lá, gestantes continuam em situação de vulnerabilidade, enfrentando incertezas e receios sobre o atendimento adequado na principal unidade hospitalar da região.
A crise expõe fragilidades na gestão hospitalar e acende alerta sobre a urgência de soluções estruturais para evitar que episódios como este se repitam — especialmente quando envolvem vidas tão sensíveis quanto as de mães e bebês.
Confira, na íntegra, a nota da empresa sobre o caso:
“Nota do Instituto Setes sobre o Hospital Luiz Eduardo Magalhães
O Instituto Setes informa que está adotando todas as medidas necessárias para garantir o atendimento obstétrico às pacientes do Hospital Luiz Eduardo Magalhães, em Porto Seguro. Desde que a diretoria foi comunicada da situação envolvendo a equipe médica, ações emergenciais foram implementadas, incluindo fluxo regulado de referência por ambulância e articulação imediata com outros grupos de profissionais para recomposição da escala.
O Instituto reafirma que nenhuma gestante está desassistida e que todos os esforços estão concentrados na normalização dos serviços com segurança e responsabilidade”.