Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) desenvolveram ‘baterias biológicas‘ que geram eletricidade a partir de esgoto sanitário e efluentes agroindustriais.
O Grupo de Pesquisa Água, Saneamento e Sustentabilidade – GEPASS, liderado pelo professor Marcelo Nolasco, mantém seis unidades, as chamadas Células a Combustível Microbianas (CCM), que têm potência próxima a 48 Watts por metro cúbico (m3) de volume do sistema.
Sustentabilidade
Um dos objetivos é tornar o setor de saneamento mais sustentável.
“Nossos protótipos resultam de estudos anteriores que almejavam a recuperação de recursos diversos, provenientes de estações de tratamentos de águas residuárias. Os sistemas, formados por tecnologias e processos, deixam de ser consumidores de insumos e eletricidade para se tornarem fontes de geração de novos recursos“, explica Nolasco.
“Em alguns países, como os Estados Unidos, os setores de água e esgoto podem consumir até 4% da eletricidade de toda a nação”, complementa o pós-doutorando Vitor Cano, que também integra o grupo.
Os pesquisadores usaram vinhaça sintética como substrato para produzir a eletricidade e bactérias chamadas eletrogênicas, microrganismos encontrados nas estações de tratamento de esgotos.
Por dentro da ‘bateria biológica’
Cada CCM é formada por duas câmaras. Na câmara onde ocorre tratamento, as bactérias crescem formando um biofilme sobre um material condutivo e se alimentam dos poluentes presentes no efluente, introduzido na mesma câmara.
Quando se alimenta destes compostos, as bactérias eletrogênicas geram uma corrente elétrica, transferida em seguida para o material condutivo sobre o qual formaram o biofilme.
Então, a corrente elétrica é coletada e levada, por meio de um circuito externo (um fio condutor, por exemplo), para a segunda câmara. A corrente elétrica que percorre o fio condutor de uma câmara a outra pode ser utilizada para alimentar baterias ou dispositivos eletrônicos.
Do laboratório às estações de tratamento
Os pesquisadores agora buscam otimizar o funcionamento da CMM, incluindo a automatização do sistema, para, então, poder ser utilizada em uma estação de tratamento de esgotos urbanos, em usinas de produção de álcool e estações de tratamento de efluentes industriais.
“Estamos buscando ampliar o potencial de geração de eletricidade alcançado na primeira etapa do estudo para valores que permitam avançar no ganho de escala da CCM”, conclui o mestrando Julio Cano.
Fonte: Jornal da USP