População de Rua cresce 38% pós pandemia; 281 mil pessoas moram nas ruas

Esse é um fenômeno mundial, mas no Brasil tem assumido contornos sociais que beira ao abandono e desprezo social por pessoas que precisam de acolhimento, atenção e solidariedade.

Na manhã deste sábado (11/12), o Jojô Notícias esteve com um grupo desses moradores, que vivem, dormem numa Rua da Vala, atrás do Estádio Municipal, centro de Porto Seguro, e ouviu histórias e experiências de vários dessas almas que nos deixa consternado e nos provoca um sentimento de inércia, em saber que são pessoas que podem ser ajudadas e que precisam ser socorridas.

Almas que já tiveram profissões e de repente se vêm nesse limbo. Os relatos incluem também inserções de pessoas fardadas, que se pressupõe serem da PM ou da Guarda Municipal, em ações violentas e humilhantes com chantagens, arresto de pertences e uso exacerbado de autoridade.

Se pudessem escolher ou tivessem opções, nenhum deles estaria ali. São diversas os fatores que levam as pessoas optarem por morar nas ruas. Fatores de ordem econômica, como a falta de renda e/ou emprego; fatores sociais, de ordem familiar e fatores psíquicos, este o mais complexo, vinculado ao uso de drogas, como álcool, crack, cocaína etc.

Um deles, Osmar, bem desconfiado, revelou-me que, perdeu a mãe na pandemia da Covid; seu pai casou-se com outra e não o aceitou mais em casa. Este inclusive, disse ser irmão do vereador de Porto Seguro, Saulo da Distribuidora, a quem torceu elogios e isentou-o, por completo, de qualquer responsabilidade sobre sua situação. Um outro, que não revelou o nome, diz ser filho de Xorroxó, um velho conhecido da política local, pela tentativa de eleição para diversos mandatos. Duas moças, Ângela e Lua, relataram terem sido vítimas das tais pessoas fardadas, em assédio sexual com características de estupro. Um outro disse-me ser profissional em consertos de ar-condicionado, freezers e equipamentos afins. Todos têm histórias vividas, abandonadas que os lançaram nessa escuridão social, que as autoridades sanas e sóbrias não conseguem enxergá-las.

Semanas atrás o vereador Nilsão (PROS) de Porto Seguro apresentou um projeto e que foi aprovado pelos pares, criando o “Dia da Superação” no município. Já, na época, esse veículo reconheceu o interesse do vereador pelo tema, mas alertou que era preciso muito mais. Quando foi providenciada a remoção dessas pessoas da Praça ACM, no centro da cidade, também sugerimos que a iniciativa carecia de ações complementares, para que evitasse que essas pessoas apenas migrassem para outras logradouros, e foi o que acabou acontecendo. (relembre aqui)

Segundo informações desses moradores, hoje existem em Porto Seguro mais de dez concentrações de moradores espalhadas pelo centro e bairros da cidade. Cada uma destas acomoda cerca de 30 a 40 pessoas.

É preciso enfrentar o problema de frente, sem preconceitos e estereótipos. A Administração Municipal tem mostrado preocupação com a situação, haja vista, a modernização do Centro POP; mutirões com atividades sociais diversas, mas é preciso aprofundar os estudos, inovar os métodos, e criar novos olhares. Esse é um flagelo nacional, mas tem cidades que estão sabendo lidar com isso. Boas experiências podem e devem ser copiadas.

Por ser domingo, o site não teve a oportunidade de ouvir secretarias municipais pertinentes, mas o espaço está aberto para quaisquer manifestação, caso desejarem.

Veja o vídeo abaixo:

 

 

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