A nomeação de um novo coordenador para o escritório regional da Funai em Porto seguro, vem provocando constantes manifestações da comunidade indígena da região.
Os protestos vêm acontecendo desde o dia 09/07, data que as lideranças indígenas tomaram conhecimento do fato. Foram ocupações pacíficas de escritórios da Funai na região, passeatas, concentrações na rodoviária, aeroporto, etc.
As lideranças e organizações que representam os índios alegam que não foram consultadas sobre a substituição e vêm na nova nomeação, uma brutal e insensata interferência política.
“Não aceitamos a substituição do atual coordenador, Sr. Frederico Campos, que vem desenvolvendo um excelente trabalho, por uma pessoa por nós desconhecida, tirando nossa autonomia, desrespeitando nossos direitos, atendendo indicação política. Esse devido cidadão desconhece nossa realidade e principalmente nossa luta”, diz a nota de repúdio divulgada e assinada por diversas entidades e conselhos representativos dos índios pataxós. “Em vez de ficar trocando de coordenador para atender aos pedidos políticos, a presidência da Funai deveria se preocupar com o fortalecimento dessa coordenação em nossa região”, completa a nota.
O deputado estadual Jânio Natal, responsabilizado por algumas lideranças pela indicação do novo coordenador, divulgou nota pública se isentando dos acontecimentos. “Quem me conhece sabe que sou amigo dos índios. Tem algum idiota fazendo esta fofoca por questões meramente políticas. As especulações sobre minha interferência em tal indicação são maldades políticas e não correspondem aos fatos. Este cargo é federal, não estadual. A indicação é de responsabilidade do PR (Partido Republicano) ao qual não pertenço”, diz trechos da nota divulgada pelo deputado.
Procurado pela nossa reportagem, o atual coordenador, Sr. Frederico Campos, não quis se manifestar, alegando questões éticas e orientação da assessoria da Funai em Brasília, que também divulgou nota onde informa que valoriza o trabalho do coordenador Frederico Campos e que o mesmo pode atender necessidades do órgão em qualquer unidade, e nega que haja influência política na escolha do novo coordenador.
O fato é que o próprio deputado Jânio Natal reconhece a influência política na nomeação quando afirma na nota divulgada, que o cargo é da cota do PR, e que ele não podia fazer nada por não ser do partido e se tratar de um cargo federal, e ele é estadual.
E assim caminha nosso Brasil!
Aquele escrivão da frota portuguesa comandada por Pedro Álvares Cabral, já relatava em sua carta, no ano de 1500, as desgraças sofridas pra se chegar aqui e as conspirações vividas. Passados 518 anos, a balbúrdia continua!