O Rio Grande do Norte vive uma semana de terror desde a noite de segunda-feira (13/03), quando começaram consecutivos ataques a diversas cidades potiguares: os responsáveis pelos atentados incendiaram veículos, e prédios privados e públicos também foram atingidos. Até a última atualização da secretaria de segurança estadual, da tarde desta quarta (15), 21 municípios foram alvo dos ataques, que se dividiram em 39 ocorrências – 19 na Grande Natal, 20 no interior.
Vítimas
Entre os civis, a única vítima foi um idoso, dono de um supermercado em Natal, que morreu após ser baleado durante uma ação criminosa. Socorrido, ele não resistiu aos ferimentos. Além dele, dois suspeitos morreram durante confrontos com a polícia, sendo um deles contra agentes da Paraíba.
Resultados da operação policial
Nos dois dias de operação, 43 suspeitos foram presos – sendo cinco foragidos da Justiça – e um adolescente, apreendido. A polícia apreendeu, ainda, nove armas de fogo, 39 artefatos explosivos, um simulacro de arma de fogo, nove galões de gasolina, cinco motos e dois carros, além de drogas, munições e valores em dinheiro não contabilizados.
A polícia potiguar passou a contar, a partir da madrugada desta quarta (15/03), com o apoio de agentes da Força Nacional, enviados pelo MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública).
O grupo compõe um total de 220 agentes de segurança que auxiliarão as ações no estado, e foi disponibilizado após um pedido da governadora Fátima Bezerra ao governo federal, na tarde de terça (14/03).
Cidades alteram rotina
Ante o temor gerado pelos ataques na região metropolitana de Natal e no interior, alguns municípios recolheram suas frotas do transporte público por dois dias seguidos, a fim de evitar que mais veículos fossem incendiados.
Universidades públicas, como a UFRN e a UERN, e escolas particulares da região também suspenderam suas as aulas. Em Natal e Mossoró, por exemplo, as unidades de saúde ficaram fechadas e o serviço de coleta de lixo foi suspenso.
Investigações
Acusado de coordenar os ataques às cidades do Rio Grande do Norte de dentro da prisão, o líder de uma facção criminosa foi transferido na terça-feira (14/03) da penitenciária de Alcaçuz para um presídio federal.
Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, que confirmou a informação, ele é apontado como o mandante de crimes como homicídios e tráficos de drogas no estado, além de estar envolvido em planos de fugas e ataques a patrimônios públicos e privados.
“O Sistema Penitenciário Federal é responsável pela custódia de presos de alta periculosidade e tem como principal objetivo o isolamento das lideranças do crime organizado”, escreveu a pasta. O ministro Flávio Dino não descartou a transferência de outros presos.
Segundo reportagem do Estadão, a facção Sindicato do Crime, fundada por José Kemps Pereira de Araújo, o detento em questão, é suspeita de ser a mandante dos ataques. Os investigadores consideram a possibilidade de que ele tenha utilizado os advogados para passar recados para os criminosos responsáveis pelos ataques em série.
Estes defensores são conhecidos como ‘gravatas’, que, de acordo com o Ministério Público potiguar, são os responsáveis pela comunicação da facção de dentro para fora dos presídios