Sob a tutela da “liberdade de expressão”, mídias sociais se tornam um faroeste de classe B

Na mesma medida, a internet se tornou tão democrática quanto ilegal. É o assunto que se trata agora. Existe um plano bem elaborado da extrema direita, seguindo uma cartilha que é utilizada no mundo inteiro, cuja a internet com suas mídias sociais são as peças fundamentais para um projeto de poder global. De todas as teorias da conspiração utilizadas pela extrema direita, essa, que eu afirmo agora e que possa parecer como tal, será a única que eles vão refutar. Quiçá por que não seja.

Há tempos as mídias sociais estão sendo usadas para as pessoas desfilarem seus venenos mais impróprios, do ódio, do preconceito e de tudo que há de pior da espécie. Não há como enumerar tantos crimes que no ambiente real são punidos e no virtual não.

Já é de outrora, de sabedoria de todos, que não podemos ofender às pessoas. Está no direito e está na constituição, no que se refere à calúnia, à difamação e à injúria, mas não só isso, também é de conhecimento de todos, que é crime nesse país, agredir verbalmente alguém com seus preconceitos, da homofobia, racismo, xenofobia, machismo etc. No entanto, a verdade é que crime de ódio para extrema direita não é crime.

Quando aquele sujeito do podcast defendeu a criação de um partido nazista com o argumento da liberdade de expressão, ele não estava mentindo. Na cabeça dessas pessoas, da massa de manobra utilizada por burgueses do neoliberalismo, como o Elon Musk, que surge na pauta atual do debate, liberdade é defender qualquer pensamento, inclusive o que no ambiente social é crime.

Não se enganem, para cada 1.000 Monarks existe um branco ariano, homem milionário/bilionário, reacionário que não quer perder seus privilégios. Na verdade, ele quer resgatar alguns que ele acredita que perdeu. Esse grupo fascista de grande poder quer voltar ao tempo da escravidão. Eles querem eliminar todas as ameaças, por isso qualquer tipo de movimento popular se torna seus alvos. E eles vêm galgando espaços e algumas vitórias. Estão conseguindo dissolver os sindicatos pelo mundo a fora, assim como no Brasil, e retirando da lei, diversas conquistas trabalhistas.

As pautas ideológicas da extrema direita agradam muito as religiões cristãs, da católica ao neopentecostal, por isso a adesão de grande parte desses fiéis, que ainda não se atentaram sobre o que pode vir a acontecer, se eles concluírem seu projeto de poder absoluto no mundo.

As mídias sociais se tornaram o palco perfeito às mentiras, à desinformação e ao desserviço social que a extrema direita promove e tudo que eles não querem é perder isso para uma regulamentação.

Se tudo na vida é regido por lei, por que a internet não seria? Não adianta argumentar isso aos bolsonaristas, porque o pensamento não está ligado à lógica. Acho que a frase atribuída ao dramaturgo Bertold Brecht (“que tempos são estes, que temos que defender o óbvio?”), nunca esteve tão atual.

Na era de fake news está ficando cada vez mais difícil acessar uma mídia social como Facebook, Instagram e X (antigo twitter) e não se indignar, por isso cada vez venho acessando menos.

São uns trocentos informes publicitários de coach pé de chinelo com mentiras escabrosas como esse enganador do Pablo Marçal. Mais outros trocentos de pastores de igreja berrando na sua timeline, além das incontáveis fake news da extrema direita brasileira.

No início, confesso eu, que fui denunciando e bloqueando, mas percebi que o processo nunca teria fim. Me lembra da Hydra dos quadrinhos da Marvel. Uma organização ficcional maligna de um dos núcleos nazistas de devoção absoluta pela “causa”. Que, para cada cabeça decepada, duas nascerão no seu lugar. É assim que vem atuando esses tecnocratas do diabo.

Não vem me sobrando outra saída, senão acessar cada vez menos as minhas mídias sociais. Elas, essas tais mídias sociais, fontes disseminadoras  de mentiras e da promoção ao ódio, onde o cyberespaço é uma terra sem lei, um faroeste de classe b  encoberta pela falácia da “liberdade de expressão”.

OBS: Texto do Jornalista Cristóvão Moura

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