Roni Guerra não crê em aliança PT/PSD em Porto Seguro, e vê PT como um “cálice de vinho tinto de sangue”

Nesta tarde desta quarta-feira, 29/01, visitei o pré-candidato a prefeito de Porto Seguro, Roni Guerra, em sua casa, onde se encontra de repouso forçado, há mais de duas semanas, por ter quebrado costelas  em acidente doméstico.

Com tempo pra conversar, e bem humorado como sempre, indaguei que soube que havia recebido visitas de  velhos  amigos, dentre estes, alguns do tempo da fundação do PT na Bahia.

Muito bem informado sobre o atual cenário político Estadual,  da  Capital, e  de  diversos municípios do  Estado, Roni falou sobre as desinformações de militantes já cansados, e   sobre a descaracterização do PT em  Porto Seguro, o porquê, e os desfechos previsíveis.

Roni e seu neto Otávio, companheiros inseparáveis



Aproveitei a tarde tranquila, e  quis saber como foi  a  sua história com o PT, já que hoje, como pré-candidato a Prefeito de Porto Seguro, o PT local poderá  se alojar em campo oposto.(ou não?)

Ele pensou e disse; vou te contar sobre essa tentação, sobre este  “cálice” chamado PT.
– Cálice?
Sim! o Cálice do Chico, rsrsrs

RONI, LULA E O PT

Eu, conheci o Lula no final da década de 70, me foi apresentado pelo Dr. Hélio Bicudo, eu tentando cursar Direito na UESC, trabalhando pra caramba, e ainda envolvido com movimento estudantil e de  trabalhadores rurais, era um jovem comum pra época, acordava pra trabalhar ás 5.15 h. e só sossegava após ás 18 horas, a vida era assim, os mais velhos sabem bem como era ser ainda novo, mas com um montão de obrigações e responsabilidades.
Daí em diante conheci parceiros de primeira hora, Macarrão, Nilson Bahia, Gabrielli, Eduardo, Otavino, Lila, Geraldo, Guimarães, Zezinho, Edval Passos, a turma de Feira, Pessoal do Sindquimica, Sindicalistas pé no chão, Bené,
Helena, Gilvan, Anginha, Lucas Leite, Dudu, tantos outros e outras.

Rodamos todo Estado da Bahia  criando comissões provisórias, quase sempre eu dirigindo, na companhia de agradáveis,  sinceros e sonhadores “companheiros”.

O meu segundo encontro com Lula, foi em Feira de Santana, ali,  já me deparei com um homem altamente centralizador, muito narcisista nas suas colocações, às quais não admitia sequer sugestões, frisando sempre: “em São Paulo, no sindicato é assim”. (parecendo ser outro mundo)

No nosso terceiro encontro, fomos a alguns Estados aqui no Nordeste, e no final, conseguimos trazê-lo em Itabuna, ali, após encontros e bate-papos naturais  do momento com diversos segmentos, fizemos um pequeno comício na praça Adami.

Lula retornaria para  São Paulo na companhia de algumas pessoas que o acompanhavam, com todas as despesas pagas por nós da Bahia, assim, nos cotizamos, e como era até lógico, sobrou para mim a maior parte na vaquinha, isto entre nós baianos já era tranqüilo;  quem podia mais, contribuía com mais, não seria diferente, mas o Lula quis saber de onde vinha a minha renda, e o que eu fazia, expliquei que trabalhava numa pequena serraria com a minha família, foi então que ele disse, “você não pode estar no partido, vc é  propaganda negativa, é um pequeno empregador, é patrão e o partido não tem patrão!”.

Mas, naquele momento, minha convicção e o meu sonho eram maiores que ele; o Lula. Aquelas palavras não me atingiram, pois ele demonstrava ter um ódio sobre qualquer pessoa que não fosse trabalhador braçal, eu  compreendi  que estas limitações passariam com o tempo, pois com a abertura política, – estávamos saindo de uma grande lata de lixo, onde estavam de MR-8 (Movimento Revolucionário) à Republicanos-,  encontraríamos pessoas íntegras para se formar um Partido Político, constituído por progressistas, estudantes, trabalhadores e famílias.

Continuamos na construção do Partido na Bahia, pois éramos unidos num objetivo Nacional.
Vieram as eleições municipais, tínhamos que lançar candidatos próprios, Legislativo e Executivo, assim fizemos em Porto Seguro, tivemos candidatos a vereadores e  eu seria o candidato a Prefeito, tudo muito bem por aqui, até que recebemos a “sugestão de cima” para substituir o nome do candidato a Prefeito; assim, procedemos, mudamos para outro nome, o amigo Gil foi o escolhido. Éramos ainda muito pequenos, a candidatura era quase que uma formalidade exigível. (Há alguns anos passei o livro de ata de fundação do Partido, para a guarda do amigo Gilvan, pois o mesmo sempre fora filiado e foi um dos cinco fundadores do PT em Porto Seguro).

“DIRETAS JÁ”
Adiante, veio a campanha das “Diretas Já”. Fui lembrado, requisitado,  caí de cabeça na organização, por diversos locais, e foi aquela festa democrática que todos presenciaram e se recordam.

Em Cuiabá,  eu, já bem próximo a Dante De Oliveira, em conjunto com outros companheiros, fizemos na Praça Alencastro, no Centro  Velho, o inesquecível e apaixonante comício pró “Diretas Já”, na terra do seu criador, Dante.

Coube a mim buscar o Lula e o pessoal do PT no aeroporto de Várzea Grande,  mas  o LuLa, naquele momento, já era uma “estrela”, e durante o trajeto até Cuiabá,  em sua companhia, eu senti o tempo todo estar ao lado de  um homem com um ar de superioridade impositiva sobre todos.

Adiante, já á noite, frente ás exigências pessoais  de Lula, para que a apresentadora do comício, a Atriz Cristiane Torlone, ao anunciar seu nome e convidá-lo ao palco (que eu e Dante ajudamos  efetivamente a bancar e a montar), que o fizesse diferenciado de todos os demais presentes, e pasmem!!  Ali, naquela noite,  comigo atrás do palco estavam, Dante, Tancredo, Ulisses, Dontel, Brizola, Juruna (nos tornamos amigos), Covas, Montoro, e notáveis da época, mas o Lula exigiu subir ao lado do dono da festa, o Dep. Dante de Oliveira.

A obsessão para mostrar-se estrela e a megalomaníaca  necessidade  de aparecer mais que o próprio Dante, imposta por Lula, foi de um mal estar generalizado.
Lula não se “tocou”.  Ao sugeri-lo menos atropelamentos,  ele se antecipou e me  perguntou: e na Bahia como estão? Você ainda continua no partido?

Depois disso, o vi na festa churrasco de 21 anos do PT, organizada por Celso Daniel. Estavam ali muitos conhecidos, ocasião em que conversando com o Gushiken e outros amigos fundadores, fui apresentado à nova filiada advinda do PDT, Dilma Roussef. No papo, Gushiken brincou, … Guerra, se você não tivesse se desviado e se afastado do partido,  você, naturalmente, seria  do primeiro escalão do nosso futuro Governo. Rimos, relembrando situações diversas que passamos na militância. Afirmei  à  Dilma que ela  estaria naquele momento,  onde sempre deveria estar,(adiante ficou provado), desejei-lhe boas vindas, demos algumas risadas, conversei com todos os velhos e novos  amigos presentes.

O RETORNO E A REALIDADE DO CÁLICE

Retornei pra Porto Seguro satisfeito por ter encontrado muitos amigos, e  com alguns,   ter conversado seriamente, sobre uma situação que preocupava muitos amigos e a mim, pois,  estava muito visível a imposição, meia que isolada, que Lula insistia  em ter com os companheiros,  pois, ele  fazia- se parecer fechado com os demais, porém, em segredos, com dois ou três companheiros.(doutrina, jurídico e financeiro) mantinha uma relação aberta e estreita. Os outros pareciam meio que sem a confiança do mestre, e aquilo incomodava até o pessoal de São Paulo, era nítida a existência de correntes com interesses próprios e espúrios, já naquela época.
Tive até vontade, mas  eu não me exaltei,  porque fui à festa como convidado por amigos da época da labuta, e não por Lula.

Depois estive com Lula por três ocasiões, ele já como Presidente da Republica; formalidades de trabalho.

Em uma destas ocasiões, aqui em Porto Seguro, ele me disse: “Guerra, se quiser falar comigo, fale com Vagner ou Valmir, eles têm meu contato”; Eu nunca o procurei, talvez evitando produzir propaganda negativa pra ele, ao  ser visto ao meu lado. Rsrsrs

É, amigo Jojô, foi o que ouvi,
“GUERRA, VOCÊ SE DESVIOU E SE AFASTOU”
Motivos?
Apenas de formação moral, já bastava e bastou!
Afastei-me com lisura, mantendo muitos amigos, sem usá-los em causa própria.

Fiz aquilo que acreditava. Quando deixei de acreditar, me afastei!
Eu nunca me considerei  ter sido usado!

Aqui de fora, eu tinha a leitura prática do caminho que o Lula escolheu para antecipar  a sua eleição. Copiando FHC,  comprando todos os apoios possíveis em troca de Ministérios, cargos e controle de Estatais, se eleito,  poderia  mudar  apenas a política social, porque isto era programática, mais nada!

A decepção coletiva veio adiante,  milhões de Brasileiros, muitos,  até hoje, não acreditam no que estão vendo e sabendo agora, pois o sonho que tinham, foram transformados em falácias, negociatas e utopias ideológicas.

A imperdoável e traiçoeira  opção do Lula de governar contra o  que nós  combatíamos, o “toma lá da cá”,  afastaram muitos fundadores, eu saí antes disso, mas tenho amigos que viraram as costas e foram cuidar de suas vidas e famílias, decepcionados com  Lula, e deu no que deu!

Estas pessoas acreditavam no homem, que dizia que o sonho que se sonharia  juntos, viraria realidade. Acreditavam  que os bandidos fossem punidos e ou  se tornassem mocinhos, e não que  nossos mocinhos virassem bandidos.

Cada um  de nós realizamos a nossa  parte, votando no sonho!

Sonhamos, valeu! Aprendemos,  somos uma República ainda muito recente.

Fomos jovens, e os sonhos nos pertenciam. Fizemos o bem, e  o  que viemos aqui nesta vida para ser feito!

Meu Pai afastou de mim aquele CÁLICE!!

Por fim indaguei: e o Chico?

Ahh…o Chico, nunca se afastou do cálice; agarrou-se a ele e foi m orar em Paris.

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Comentários (1)
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  • Rosalvo Junior

    Esse é mais um a querer mamar nas tetas da prefeitura de Porto Seguro.