O presidente da câmara municipal de vereadores de Porto Seguro, vereador Evaí Fonseca, voltou a defender ontem, 20/03/2018, em programa de rádio da “imprensa do bem”, a construção de uma nova sede para a câmara municipal de Porto Seguro.
O presidente aparenta obsessão pelo projeto. As motivações expostas pelo mesmo para o pleito em nenhum momento se justificam.
Alega que as acomodações do prédio atual são pequenas e desconfortáveis. O plenário é pequeno. Não há estacionamento, e mais uma série de dificuldades que, a impressão que se tem é que o prédio da câmara atual está caindo aos pedaços. Estar mal localizado e não comporta as demandas populares.
Com relação aos gabinetes dos “edis” e o tamanho do plenário, o engodo é notório! Não existe procura popular na casa que justifique a ampliação dos mesmos. Os gabinetes são pouco procurados e o plenário, desde que alteraram o horário das sessões, o povo se afastou.
O conforto, talvez não atenda aos desejos do presidente, sempre muito preocupado com essas questões supérfluas, e que motivaram cobranças enérgicas da “imprensa do mal”, e reações, embora silenciosas, da sociedade e de seus próprios pares.
O caso do painel eletrônico ilustra bem essa tese. Além de ilegal, como demonstrado aqui no Jojô Notícias, por contrariar o regimento interno da casa, que não prevê este modelo de votação, acabou sendo um dos painéis eletrônicos mais caros do país. No que pese o monte de baboseiras proferidas em entrevista à denominada por ele, “imprensa do bem”, quando tenta justificar os altos valores pagos pela locação do mesmo, o contrato continua suspeito e indigesto para quem vai pagar.
Os argumentos expostos pelo vereador/presidente podem ter convencido ele próprio, mas jamais convencerá um contribuinte e moradores de bairros carentes e necessitados de serviços básicos, que nem sabem onde fica a câmara de vereadores.
Um presidente que brada orgulhoso e em voz alta: “A câmara tem dinheiro pra gastar”, tem a obrigação de saber e elencar as prioridades.
Nota-se que preside uma casa legislativa com um projeto político particular, para confortar seus pares e, de acordo postagens em redes sociais, parentes, amigos e asseclas.
Todos sabem que sua ascensão à presidência da casa foi um projeto com empenho pessoal do ex-imperador Robério Oliveira. Este foi quem costurou sua candidatura e a impôs à casa, à revelia dos demais vereadores, que, naquele momento, nutriam demasiada admiração e obediência ao intrépido articulador.
Esse cenário produziu um comportamento incomum na câmara de vereadores de Porto Seguro. A unanimidade! E, conforme o saudoso Nelson Rodrigues dizia, “toda unanimidade é burra”.
A câmara que, por definição constitucional, deveria fiscalizar o executivo e legislar em prol da comunidade, passou a dar apoio e cobertura às ações do executivo integral e incondicionalmente.
O esforço do presidente em manter a “unanimidade burra” é visível. Todas as sessões são precedidas de reuniões para tratar dos assuntos em pauta, de forma a unificar opiniões e padronizar decisões. Procura-se uma forma de contemplar a todos, sem embates, sem discussões que teriam a função de enriquecer o debate.
Requerimentos e indicações são apresentadas e aprovadas em bloco. Tudo com a clara intenção de passar para a sociedade união, coesão e unidade
Conseguiram quebrar o calor e o desenvolvimento de idéias nas sessões da câmara. Tornaram-se enfadonhas, enjoadas, sem a menor atração. Uma melodia de uma nota só.
Isso nos faz crê, que projetos faraônicos e megalomaníacos, como o da construção da nova sede, tem ampla chance de ser concretizado.
É preciso que vereadores, que ainda dialogam com as comunidades, reajam e demonstrem para a sociedade que não concordam com certo tipo de coisas. Sei que muitos deles estão segurando o “fogo abafado”.
Presenciamos na última sessão sinais claros de descontentamento e insatisfação. Mas ainda é pouco! A sociedade cobra postura e posicionamento político claro em inúmeros questionamentos apresentados pela imprensa.
Calar-se, nesse momento, não é a melhor resposta.
Esse projeto de construção de uma nova sede e que, de acordo informações, já foram pagos R$140.000 em projetos arquitetônicos e plantas baixas, sem sequer ter um terreno definido para a construção, é só mais um exemplo. Vem por aí, votações das contas rejeitadas pelo TCM (Tribunal de Contas dos Municipios) da prefeita afastada, que está sendo vista, pela população, como uma prova de fogo, e avaliação definitiva do nível de comprometimento dos “edis”.