Com perfis bem antagônicos, Vinícius Parracho e Bolinha ensaiam certa oposição na Câmara Municipal de Porto Seguro

A Câmara Municipal de Porto Seguro entrou em recesso na última semana e o Jojô Notícias faz um balanço desse primeiro semestre desse novo mandato dos vereadores, criando uma projeção política do que podemos esperar deles.

Numa Casa Legislativa que, nas últimas legislaturas, não sabe o que é ter oposição ao Executivo – basta recorrer à história, ou, principalmente, às duas últimas gestões de Cláudia Oliveira, ex-prefeita, em prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica, passaporte confiscado, por inúmeros crimes contra o erário público – esses seis primeiros meses de trabalho apontaram dois nomes que as circunstâncias devem levá-los a esse posicionamento.

Vinícius e Bolinha em entrevista conjunta

E o mais curioso, é que os vereadores Kempes Nevile, o Bolinha, e Vinícius Parracho, possuem perfis completamente antagônicos.

Enquanto Bolinha tem ideais conservadores, prestigiando seu eleitorado evangélico, Vinícius é um ativista do meio ambiente, muito ligado à defesa dos direitos humanos.

Então, o que uniu os dois, ao ponto deles gravarem vídeo juntos, criticando o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, Eudes Faria, na Casa Legislativa, por não ir à Câmara, para explicar a situação da pasta?

Bom, para responder essa pergunta, voltamos ao início dessa legislatura.

Bolinha é eleito para seu segundo mandato, após ter apoiado Cláudia Oliveira durante toda sua gestão, incluindo durante as eleições quando seu grupo foi derrotado nas urnas. No entanto, isso nunca foi decisivo para formar oposição da Câmara em Porto Seguro. Seja ao longo da história ou até mesmo nesse pleito, vereadores que apoiaram chapas derrotadas, em sua maioria, não assumiram tal papel oposicionista, e permanecem em sentinela e vigília à administração, sem abdicarem do papel de fiscais que lhes foram outorgados pela população.

Sessão de encerramento deste semestre legislativo

Para definição da mesa diretora (vice-presidente Robinson Vinhas, o primeiro secretário Roló e o segundo secretário, Van Van), e anunciar o nome de Ariana Prates para seu segundo mandato consecutivo como presidenta da Casa, os vereadores não tiveram problemas e demonstraram unidade e consonância com o executivo, que aplaudiu as escolhas dos “edis”. Já, para a formação das comissões, houve muita discussão, isolando e encurralando Bolinha na direção da oposição.

Na época, o líder de Governo, Dilmo Santiago, se reuniu com alguns vereadores antes da sessão, já com nomes para cada comissão, o que irritou muito o vereador Bolinha, como ficou demonstrado durante a sessão. Por ficar de fora das decisões, Bolinha, que a princípio queria ocupar o cargo máximo na Comissão de Constituição e Justiça – a “queridinha” das comissões – decidiu não participar de nenhuma delas.

A partir daí, o vereador foi se afastando cada vez mais da maioria da bancada de vereadores. Mesmo tendo dito uma vez, que não acreditava em oposição, e mesmo sendo bolsonarista ferrenho, na linha política nacional que o Executivo segue, Bolinha deve sim, mesmo até contra sua vontade, ensaiar certa oposição, uma vez que não existe, no momento, outra opção para ele.

Já o jovem advogado Vinícius Parracho, eleito em seu primeiro mandato, o entendimento fica mais claro e lógico. Muito voltado às questões ambientais e ao seu eleitorado, que o orienta, por meio de sua plataforma digital, nas votações dos projetos da Casa, o vereador invoca como razão para sua momentânea oposição, essas orientações do seu app. Entretanto, certa hora isso poderia causar indisposição com os colegas vereadores.

Não foi um ou dois projetos que Vinícius, seguindo sempre sua plataforma digital, votou contrário ou se absteve de votar, mas sim, vários projetos de seus colegas vereadores que foram aprovados sem seu apoio, já nesse primeiro semestre.

Enfim, Vinícius e Bolinha ensaiam uma oposição, e mesmo sendo tão diferentes na forma de pensar o mundo, e nas práticas políticas, é possível que cenas como a do vídeo que gravaram juntos, tornem-se, cada vez mais frequentes, quando os trabalhos do Legislativo retornarem em agosto.

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