Morre aos 67 anos o forrozeiro Zelito Miranda

Morreu na madrugada desta sexta-feira (12/08), em Salvador, o forrozeiro baiano Zelito Miranda. A informação foi divulgada pela família e pela assessoria do artista nesta manhã.

Zelito tinha 67 anos, faria aniversário no próximo dia 30, e faleceu em casa, por causa de problemas no pulmão. Ele deixou esposa e duas filhas: Luiza e Clarice, que está grávida de nove meses de um menino. O sepultamento está previsto para logo mais às 16h30, no cemitério Bosque da Paz.

Em 2021, Zelito teve pneumonia e ficou internado na UTI do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS). Ele passou quase um mês tratando um processo infeccioso no pulmão, mas esteve lúcido e orientado durante todo o tempo e fez shows normalmente nos últimos meses.

O “Cabeludo”, como era carinhosamente chamado, era um ferrenho defensor da cultura regional, e buscava sempre a valorização do xote, baião, xaxado e outros ritmos nordestinos.

Carreira

Zelito nasceu em Serrinha, que fica a cerca de 170 quilômetros de Salvador. O interesse pela música surgiu ainda na infância. Aos 8 anos de idade, ele começou a tocar triângulo. No entanto, a carreira profissional, que já durava quatro décadas, começou aos 27 anos.

Inicialmente, flertou com a MPB, o rock e tocou no grupo Novos Bárbaros, que fez sucesso nos anos 80 na Bahia. Ao gravar o primeiro disco, no fim da década, adotou um repertório diverso que ele chamava de “Música Popular Nordestina”. A partir daí, começou a cantar forró a pedido do público, e assumiu a herança deixada Luiz Gonzaga, o eterno rei do baião.

Além de Gonzagão, outro importante nome da cultura nordestino que inspirou Zelito foi Genival Lacerda. Da influência do rock, da MPB e do trio elétrico, o cantor ficou conhecido como “Rei do Forró Temperado”, definido como “um som que preserva a sonoridade do gênero, mas se permite novos instrumentos, arranjos e melodias

O estilo de Zelito era autêntico, irreverente, e mostrava o artista multifacetado que ele era, com experiências em outras manifestações artísticas, como artes plásticas, cinema e teatro – o serrinhense ele saiu do interior para a capital a fim de estudar artes cênicas, mas foi na música que se encontrou.

Zelito gravou um dvd e 12 cds, e mais de 220 músicas. O artista criou o projeto “Forró no Parque”, realizado durante 12 anos (suspenso no auge da pandemia da Covid-19), no Parque da Cidade de Salvador. As apresentações ocorriam uma vez por mês, sempre aos domingos pela manhã, e atraíam uma multidão.

A última vez que Zelito se apresentou ao público foi no mês de junho, no São João do Pelô, no Centro Histórico da capital baiana. Nesse ano, o cantor celebrou a retomada das atividades culturais e artísticas no período das festas juninas, após a suspensão provocada pelo período pandêmico, durante dois anos.

 

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