Todos os anos elas fazem tudo sempre igual: trocam as águas geladas da Antártica pela calmaria do litoral brasileiro, entre os meses de julho e outubro. No estado brasileiro com a maior extensão de costa marítima, a Bahia, as baleias jubartes se reproduzem e se alimentam. Não é exagero dizer, portanto, que parte considerável desses animais que transitam pelo planeta é baiana. Só neste ano, mais de 32 mil baleias devem passar por aqui.
As baleias jubartes dão sinais de que estão cada vez mais próximas desde o mês passado. Ao menos duas já foram flagradas na Baía de Todos-os-Santos neste ano. As acrobacias realizadas pelos animais puderam ser vistas por banhistas que estavam na praia do Porto da Barra. Quem não quer contar apenas com o acaso, pode contratar passeios com barcos que levam os tripulantes para ver as baleias de perto. Eles custam entre R$200 e R$400 por pessoa, em média.
“O litoral brasileiro é o local onde as baleias vêm reproduzir. A gestação dura 12 meses, então, em um ano, elas vêm reproduzir e, no outro, tem os filhotes aqui. Quando o verão se aproxima, elas voltam para a Antártica”, explica Isabela Oliveira, coordenadora de educação ambiental do Projeto Baleia Jubarte. É no continente mais frio que esses animais se alimentam o suficiente para ficarem meses sem comer no litoral brasileiro.
Milhares de baleias só podem ser vistas na Bahia graças à luta pela preservação dos animais, que se estende há décadas. A caça só foi proibida no país em 1985. Naquela época, acreditava-se que a população de baleias jubartes que vinham ao estado era formada por 1 mil animais. O uso do óleo extraído das baleias foi amplamente utilizado como combustível de iluminação de casas e ruas até o final do século XIX, além de aplicações em cosméticos e fármacos.
A temporada 2024 de avistamento de baleias jubartes foi aberta na quarta-feira (17/07), na Marina da Penha, na Ribeira. Estiveram presentes empresários do turismo de observação da espécie e entidades que protegem os animais. O evento foi promovido pela Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur-BA), que fomenta o turismo de observação de espécies. Cerca de 100 empresas trabalham com o serviço no estado.
Além da capital baiana, são lugares estratégicos para assistir a passagem das baleias: Praia do Forte, Itacaré, Morro de São Paulo e Abrolhos. No ano passado, mais de 700 pessoas fizeram turismo de observação de baleias apenas em Salvador. Assistir as manobras feitas pelos animais de perto pode ser encantador, mas é preciso tomar uma série de cuidados para evitar acidentes.
“Existe uma série de normas que devem ser seguidas nas embarcações. O motor deve estar ligado para que as baleias tenham uma referência de que barco está ali. Quando elas estiverem por perto, o motor deve ficar neutro para que elas não se machuquem. É preciso se manter distância de 100 metros dos animais para manter a segurança”, indica Isabela Oliveira, do Projeto Baleia Jubarte. As baleias podem atingir até 16 metros de comprimento e pesar cerca de 40 toneladas. Elas vivem, em média, 70 anos.
Durante a temporada de observação, o número de baleias que encalham no litoral aumenta. No sábado (13), uma baleia jubarte foi encontrada morta em Mucuri, no sul do estado. William Freitas, presidente da Rede Mar, organização voltada para a proteção ambiental, explica que situações como essas acontecem com mais frequência por conta do aumento da reprodução.
“Normalmente, elas encalham quando estão fracas para atravessar a corrente marinha e acabam morrendo. É a corrente que define o local onde as baleias vão parar”, diz.
Fonte: Correio