O Pau-Brasil foi tão importante na época em que os portugueses chegaram no Brasil que veio a dar nome ao nosso país. Desde a colonização, a árvore foi explorada e hoje está ameaçada de extinção.
Com a chegada dos portugueses em 1500, o pau-brasil foi visto como um produto com grande potencial comercial e logo foi exportado para a Europa. Os portugueses ficaram interessados na sua madeira, pois poderia ser utilizada na construção de objetos, além de fornecer uma resina de cor avermelhada, muito útil na produção de um corante para tingir tecidos.
Segundo historiadores, já existia na Europa uma árvore parecida com ela que também tinha um pigmento utilizado como tinta e era chamada de “brecilis” ou “brezil”. Para os estudiosos, o termo “brasil” se refere à cor da resina encontrada na madeira e significa “cor de brasa” ou “vermelho”.
Com a exploração do pau-brasil acontecendo, o nome da região que viria a se tornar nosso país mudou de Terra de Santa Cruz, em homenagem à primeira missa realizada no local, para Brasil e aqueles que trabalhavam com a extração da madeira passaram a ser chamados brasileiros.
A denominação acabou se tornando definitiva, após passar por várias mudanças. Antes, a então colônia portuguesa já havia sido chamada, entre outras coisas, de Pindorama, Ilha de Vera Cruz e Terra Nova.
Depois de séculos de exploração predatória, em conjunto com o desmatamento da Mata Atlântica, o pau-brasil chegou próximo à extinção. “No século 20 ele chegou a ser considerado extinto. Até ser redescoberto por populações nativas em Pernambuco, em 1928”, relata o pesquisador e fotógrafo da National Geografhic do Brasil, Yuri Tavares Rocha.
“Atualmente, ainda é possível encontrar populações nativas de pau-brasil no Nordeste brasileiro, principalmente no Parque das Dunas, em Natal; Parque Nacional do Pau Brasil, em Porto Seguro, além do sul de Alagoas, do norte da Paraíba e em fragmentos da costa de Pernambuco”, diz Rocha.
Entretanto, não há estimativas de quantos exemplares nativos sobram na Mata Atlântica. “É uma espécie difícil de ser encontrada. Seria necessária uma expedição específica para realizar essa contagem estimada em escala nacional”, diz Rocha. “É um próximo passo para a preservação da espécie.”
O pau-brasil segue ameaçado de extinção
O pau-brasil é uma das espécies na lista das ameaçadas de extinção do Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites). A organização foi criada para regular o comércio de espécies animais e vegetais ameaçadas, prevenindo-as do perigo de extinção, considerando como ameaça o comércio internacional.
“Por ser uma espécie em risco na Mata Atlântica, ela é imune de corte por conta da legislação nacional. Mas, como ainda há interesse comercial na madeira, esse comércio deve seguir regulamentos nacionais e internacionais”. Por isso, além de manchas esparsas de exemplares nativos, também é possível encontrar raras áreas comerciais regulamentadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Atualmente, a exploração do pau-brasil só pode acontecer por meio de plantio devidamente registrado no Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor) perante o órgão ambiental competente, e sua exportação depende da aprovação do Ibama.
Em julho de 2022, o Ibama instituiu diretrizes para a Estratégia Nacional de Proteção da
Espécie Paubrasilia echinata (pau-brasil), as quais delimita a fiscalização – desde o plantio e estoque de empresas registradas até a comercialização final da madeira.
“É uma forma de ter certeza da origem da madeira comercializada, evitando exportações ilegais e mais danos aos poucos exemplares existentes,” Afirma especialistas.
Pau-brasil: símbolo de status nas roupas e de qualidade na música
O tamanho da influência do comércio do pau-brasil no primeiro período da colonização do Brasil pode ser explicado, segundo Rocha, pela importância do subproduto que a madeira originava: o corante vermelho.
A tintura vermelha era uma cor difícil de ser obtida, o que fazia dela um sinal de luxo. “Roupas vermelhas eram sinal de status social. O vermelho era usado por representantes do alto-clero, nobres e grandes mercadores ricos, por exemplo.”
O protagonismo do pau-brasil como matéria prima para o corante seguiu até meados do século 18 e início do século 19, quando foram desenvolvidos os primeiros corantes sintéticos. “O que aumentou e facilitou o acesso à essa tintura, derrubando a demanda pela madeira”, afirma Rocha.
Além da extração do pigmento, a qualidade da madeira do pau-brasil também servia para outros fins, como a construção de móveis e decorações, principalmente para igrejas. “É uma madeira muito resistente e durável. Até hoje é possível encontrar decorações e móveis em igrejas europeias talhados em pau-brasil”, diz Rocha. Mas não espere ver um brilho vermelho nesses itens. “Ela vai ficando mais marrom com o tempo, perdendo a cor característica”
Outro uso para o pau-brasil era na produção de instrumentos musicais. “Estudiosos da música dizem que a madeira do pau-brasil gera uma das melhores reverberações quando usada para confeccionar arcos de instrumentos de corda, como violinos. Segundo especialistas, um arco de violino feito de pau-brasil pode chegar a custar mais de 2 mil dólares.
O pau-brasil é considerado a árvore nacional
Em 1961, o Ministério da Agricultura do Brasil apresentou um anteprojeto de lei ao então presidente da República, Jânio Quadros, que declararia o pau-brasil como árvore nacional.
O Ministério alegava que o mundo inteiro reconhecia o Brasil por sua flora exuberante e, portanto, seria conveniente que o país declarasse a espécie que representasse o país.
O pedido se tornou o Projeto de Lei 3380/1961, que declarou, oficialmente, o pau-brasil como a árvore nacional brasileira. Além dele, o PL também declara a flor do ipê-amarelo como flor nacional.
Situação da árvore em Porto Seguro
No município de Porto Seguro (BA), Terra Mãe do Brasil, foi criado o Parque Nacional do Pau-Brasil, localizado a cerca de 35km do centro de Porto Seguro, no distrito de Vale Verde, em 1997 e tem como principais objetivos preservar a Mata Atlântica e o pau-brasil, árvore símbolo da época do descobrimento e da colônia. Fica ainda mais perto de Arraial D’Ajuda, são apenas 15km.
São mais de 19 mil hectares de mata preservada. O que chama a atenção é a boa estrutura do parque, que já está aberto para a visitação turística, explorada pela iniciativa privada.
Por Informações: National Geografhic Brasil