O vereador Adriano Cardoso (PP) sofreu, nesta quinta-feira (27/11), o mais duro golpe de sua trajetória política. Em decisão assinada pelo juiz Wilson Nunes da Silva, da 23ª Zona Eleitoral, o parlamentar teve o mandato cassado, o diploma anulado e todos os votos recebidos declarados nulos.
A sentença atende a uma representação do Ministério Público Eleitoral, que acusou o vereador de estruturar um esquema de compra de votos durante a campanha. De acordo com a decisão, a prática era organizada, contínua e feita “em nome e no interesse direto” de Adriano, que teria prometido e pago R$ 100 antes e R$ 100 depois da eleição a eleitores beneficiados.
O magistrado classificou a conduta como de “extrema gravidade”, destacando que o esquema tinha potencial para corromper a vontade popular e comprometer a normalidade do processo eleitoral, independentemente de cálculos matemáticos sobre sua influência direta no resultado das urnas.
Com base no artigo 41-A da Lei 9.504/97, Adriano foi condenado ao cancelamento do diploma e ao pagamento de multa equivalente a 30 mil UFIRs. Além disso, por abuso de poder econômico, o juiz decretou também sua inelegibilidade por oito anos, conforme o artigo 22, XIV, da Lei Complementar 64/90.
A Justiça Eleitoral determinou ainda o envio de cópia da decisão à Câmara Municipal de Eunápolis, que deverá adotar as medidas necessárias para a substituição do mandato — o que poderá incluir recontagem de votos, dependendo da determinação do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA).
Nos bastidores, o clima é de incerteza. O advogado Jota Batista, que representava Adriano em outros processos, já não atua mais em sua defesa. Com a nova condenação, o vereador precisará constituir outro advogado para tentar reverter o quadro nas instâncias superiores.
Embora ainda possa recorrer, Adriano Cardoso está, por ora, fora do mandato e carregará o rótulo de inelegível até a próxima década, em um desfecho que redesenha o cenário político de Eunápolis.