A esquerda voltará ao poder no Uruguai através de Yamandú Orsi, um ex-professor de História que liderou a Frente Ampla e obteve 49% dos votos no segundo turno da eleição presidencial.
A vitória marca o retorno da Frente Ampla de esquerda ao poder, após o atual governo da coalizão de direita liderada pelo Partido Nacional perder as eleições
“Eu serei o presidente que construirá uma sociedade mais integrada, onde, além disso, apesar das diferenças, ninguém poderá ficar para trás do ponto de vista econômico, social e político”, disse Orsi no seu discurso de vitória. Ao lado da vice-presidente eleita, Carolina Cosse, ele destacou que “a mensagem não pode ser outra, senão abraçar o debate de ideias.
Orsi vai substituir Luis Lacalle Pou, o presidente de centro-direita que, antes mesmo da divulgação do resultado oficial, disse que ligou para parabenizar Orsi e afirmou que pretende se “colocar sob seu comando e iniciar a transição” assim que o presidente eleito “entender que é pertinente”.
Aos 57 anos, Orsi chega ao poder como aquele que, no quadro político uruguaio, é visto como uma espécie de sucessor de José ‘Pepe’ Mujica, que, mesmo com a idade avançada – 89 anos – esteve presente nos comícios do vencedor.
Natural da cidade de Santa Rosa, Orsi é fruto da militância iniciada no período final da ditadura militar no Uruguai [1973-1985], sendo, desde a redemocratização, o primeiro presidente eleito do interior do país.
Quando jovem, Orsi deu aulas de História em vilas e cidades do interior uruguaio. Adiante, já iniciada a carreira política, ele chegou a governar o departamento (estado) de Canelones, o segundo maior do Uruguai.
A semelhança com Mujica também é notada no estilo de vida. Segundo a imprensa uruguaia, assim como o ex-presidente, Orsi disse que não pretende morar na residência oficial da Presidência.
O perfil moderado e conciliador de Orsi poderá dar o tom da sua presidência. Durante a campanha, ele já disse que não pretende fazer mudanças ‘radicais’ no país de cerca de 3,5 milhões de habitantes.
Tampouco Orsi terá como. Diferentemente do Brasil, o Uruguai não conta com ferramentas que expandem o poder presidencial, a exemplo da Medida Provisória. O seu governo terá maioria no Senado, mas não terá a maior parte dos representantes na Câmara.
Fonte: Carta Capital