No dia 1º de maio, jovens de 14, 9, 4 e um ano sobreviveram à queda do avião de pequeno porte em que viajavam com a mãe e outros dois adultos que morreram.
Na sexta-feira (9/6), eles foram encontrados pelo exército após uma intensa busca. No sábado foram transferidos para Bogotá e agora recebem tratamento no Hospital Militar.
A selva não era a ameaça, a selva os salvou’: como sobreviveram as 4 crianças que passaram 40 dias na Amazônia colombiana
A mídia colombiana fala de um “milagre”, de um “resgate” e do “heroísmo” do exército. Mas para Alex Rufino, indígena Ticuna especialista em cuidados da selva, essa linguagem manifesta um desconhecimento do mundo indígena.
Mais do que perdidas, diz ele, as crianças estavam em seu ambiente, sob os cuidados da selva e da sabedoria de anos de populações indígenas em contato com a natureza.
O fotógrafo e professor universitário afirma que as crianças estiveram vulneráveis durante esses 40 dias: o alimento é escasso e a relação com os animais pode ser tão complementar como fatal.
Mas eles também estavam em sintonia com a natureza, diz ele. “Protegido pela Selva”
O caso que para muitos pode ser um milagre, para outros é um acontecimento normal, e não por isso simples, da vida na selva.
As crianças, da etnia Witoto, viviam em uma aldeia indígena em Araracuara, região da Amazônia colombiana no meio da floresta densa e hostil.
Presídio sem muros
Tão hostil que já funcionou por lá, durante décadas, um presídio sem muros. Os limites eram um cânion, um rio e a selva, para a qual os presos não se arriscavam ir. Sabiam, segundo relatos de locais, que as chances de sobreviver seriam escassas.
A Colônia Penal e Agrícola do Sul, ou Colônia de Araracuara, abrigou presos por crimes como roubos e homicídios entre 1937 e 1971.
A ideia de construir uma colônia penal no meio da floresta fazia parte do plano do então presidente colombiano, Enrique Olaya Herrera, de levar presídios para áreas remotas.