A cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris 2024 foi um passeio mágico pelo coração de Paris, mas que esbarrou em uma certa frieza potencializada pela chuva e pela dispersão das atrações ao longo dos 6 km de trajeto. Ainda assim, teve toques de emoção, mistério, tensão e medo, como nos melhores contos de fada. E teve seu ápice quando os tricampeões olímpicos franceses Marie-José Perec, do atletismo, e Teddy Riner, do judô, acenderam juntos a pira olímpica, que subiu aos céus como base de um grande balão, iluminando a Cidade Luz.
Da Ponte de Austerlitz até o Trocadero, aos pés da Torre Eiffel, 85 barcos navegaram pelo Rio Sena nesta sexta-feira (26/07), levando delegações, autoridades e celebridades a céu aberto, fora do confinamento dos estádios, onde tradicionalmente a abertura acontece. Nos ancoradouros da Cidade Luz, mais de 300 mil pessoas ignoraram a chuva que insistiu em cair e assistiram ao show de embarcações e de cantores pop, aplaudindo os verdadeiros artistas do espetáculo: os atletas que carregaram as cores e bandeiras dos 205 países representados nos Jogos.
Houve apreensão por causa de rumores sobre ameaças de bomba, o que levou à evacuação de alguns setores às margens do Sena, ao fechamento do espaço aéreo de Paris e a um reforço de segurança para o barco que levou a delegação de Israel. O mistério, por sua vez, foi encarnado pela figura de um mascarado que levou a tocha pela cidade, e que na verdade representou várias figuras da cultura francesa, como o Fantasma da Ópera e Arsène Lupin, personagem de uma série de livros de detetive.
A cerimônia
A cerimônia seguiu um roteiro dividido em 12 partes, cada uma representada por uma palavra que encarna ou o espírito olímpico, ou a alma francesa.
Um vídeo com o campeão do mundo de futebol Zinédine Zidane recebendo a tocha abriu a cerimônia. De terno, o ex-jogador franco-argelino correu pela cidade com a chama olímpica, pegou o metrô e entregou a tocha para crianças, que percorreram galerias do metrô até um rio subterrâneo. Lá entraram em um barco a remo conduzido por uma figura mascarada misteriosa.
Esse mascarado foi, a partir daí, o condutor da chama e do espetáculo, que ganhou ares de contos de fada a partir do momento em que seu barco passou por baixo da Ponte de Austerlitz, que explodiu em um espetáculo de fumaça vermelha, azul e branca, cores da bandeira da França.