Limpeza pública em Porto Seguro: turista x morador

Até que ponto a administração pública pode sacrificar o morador Porto Segurense para satisfazer o turista? Você já comparou a limpeza nas ruas em que os turistas frequentam com as ruas que, comumente, só os moradores têm acesso?

As vezes ficamos com a impressão que o governo de Porto Seguro prioriza o turista em detrimento do morador. De certa maneira e até certo ponto é um fato compreensível, já que o turismo é a força que move a economia desta cidade, e nenhum governo, jamais, poderá fechar os olhos para os turistas e para as atividades, locais e empreendimentos que os envolve. No entanto, questiona-se até que ponto a administração pública pode sacrificar o morador Porto Segurense para satisfazer o turista.

Este tratamento dualista e diferenciado fica bem evidente quando o assunto é LIMPEZA PÚBLICA. Basta reparar as ruas em que os turistas frequentam e compará-las com as ruas que, comumente, só os moradores têm acesso. Não que esteja tudo a mil maravilhas nas praias, na orla, Passarela do Descobrimento, etc., precisam, sem dúvidas, de muitas melhorias. Mas há uma desigualdade gigantesca entre uma e outra.

Nas ruas tidas como ‘ponto turístico’ (em época de alta temporada), as calçadas permanecem em dia, meio fio pintado, árvores podadas, grama aparada, a varrição é diária assim como a coleta de lixo. Na ausência do turista (em baixa temporada) estes serviços não são os mesmos, nem em qualidade e nem em frequência.

Vejamos, agora, o que a população diz a respeito da limpeza pública em suas ruas e em seus bairros. Os dados apresentados abaixo foram levantados pela Prefeitura Municipal de Porto Seguro, que ouviu a população em diversos bairros e localidades.

A maior parte da população tem o seu lixo coletado, parcela que corresponde a 97% do total. Uma minoria (3%) queima o lixo que produz em casa. Do lixo que é coletado, apenas 67% tem frequência diária. Outros 33% tem a frequência de coleta em três vezes ou duas vezes na semana.

Apenas em 59% das ruas, segundo entrevista feita com moradores, tem serviço de varrição. Outras 41% nunca viram a “cara” de uma vassoura. Dos moradores onde as ruas são varridas, mais da metade estão insatisfeitos com o serviço, seja pela má qualidade ou pela frequência da varrição, que na maioria dos casos só ocorre em intervalos de semanas ou meses.

Em ARRAIAL D’AJUDA a população reclama da ausência de um sistema de reciclagem, bem como do descarte e coleta seletiva. Faltam lixeiras nas ruas e praças. Denunciaram também que caminhões “limpa fossa” despejam os dejetos no lixão. Em TRANCOSO os moradores denunciaram o descarte de lixo em pontos clandestinos. Há irregularidade e desinformação nos dias e horários de coleta, de forma que a população não sabe quando o lixo será coletado.

No COMPLEXO BAIANÃO e CENTRO moradores questionaram a ausência de política municipal em apoio aos catadores, às cooperativas e associações. Não há coleta seletiva, de forma que o lixo orgânico, inorgânico, químico, eletrônico, etc., são misturados e coletados em conjunto. Há muito descarte irregular de lixo em grande volume (sofá, cama, fogão, etc.). Quanto à lixeiras, se no centro é difícil de encontrar, que dirá no Baianão. Bairros como Vila Valdete, Vila Parracho, Paraguai e Belo Campo parecem estar esquecidos pela prefeitura. As ruas são varridas, ao que parece, de ano em ano.

Em PINDORAMA falta tratamento nas fossas sépticas. Em VERA CRUZ, soma-se aos problemas gerais, o descarte irregular de açougues e borracharias. Há pontos onde o lixo é acumulado, a exemplo da feira. Há, também, descarte irregular de recipientes de agrotóxicos.

Em VALE VERDE falta coleta nas comunidades mais distantes, onde o lixo é queimado. Em CARAÍVA não há fiscalização e a coleta não é frequente.

A prefeitura de Porto Seguro gasta milhões por ano em limpeza pública, mas não tem obtido um resultado eficaz. A insatisfação fica estampada em cada cidadão que espera nada menos do que uma cidade limpa. Por outro lado, não se pode jogar toda a responsabilidade em cima da administração pública. É necessário que cada morador assuma a sua parcela e colabore com o lixo que produz, seja o selecionado, reciclando, não jogando em vias públicas, etc.

Quanto a Prefeitura, nos resta uma certeza: quando ela quer, ela faz! É assim na alta temporada e deveria ser em todo o restante do ano, não só em pontos turísticos, mas também em todos os bairros, distritos e comunidades, porque, muito embora o turismo movimente a economia, a cidade de Porto Seguro é feita de moradores.

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