Em maio de 2025, a ponte sobre o Rio Jequitinhonha, localizada no km 661 da BR-101, em Itapebi, foi interditada após constatação de risco de desmoronamento. O bloqueio gerou grande impacto logístico e econômico para o Extremo Sul da Bahia, afetando o tráfego entre os estados da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais.
No dia 18 de junho, a estrutura foi reaberta parcialmente, permitindo apenas a passagem de veículos leves, enquanto ônibus, caminhões e carretas foram obrigados a utilizar rotas alternativas — um desvio que aumenta o percurso em até 70 km e eleva custos de transporte.
Promessas de reconstrução em um ano
Na ocasião, autoridades estaduais e federais, incluindo o ministro da Casa Civil Rui Costa, ex-governadores, senadores e o atual governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, anunciaram que uma nova ponte seria construída em até um ano, com a demolição da antiga estrutura. A notícia chegou a ser amplamente divulgada como uma resposta rápida à crise e um símbolo de “reconstrução e progresso”.
No entanto, cinco meses depois, a realidade é outra.
Resposta oficial do DNIT desmente cronograma prometido
Uma consulta oficial feita ao DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) pelo jornalista e repórter Guilherme Santos, por meio da Plataforma Fala.BR, revelou que as obras de reabilitação da ponte antiga começaram apenas em 16 de outubro de 2025, com previsão de quatro meses para conclusão — ou seja, até fevereiro de 2026.
Segundo o documento (protocolo 50001.107848/2025-93), a empresa Rivoli Construtora Ltda é a responsável pelas obras de reabilitação da ponte existente e pela futura construção da nova ponte sobre o rio.
Contudo, o DNIT esclareceu que a construção da nova ponte ainda não foi iniciada, pois os relatórios técnicos e projetos executivos estão em fase de análise e aprovação junto à sede do órgão, em Brasília.
“Atualmente, a empresa realiza o monitoramento da ponte existente e já apresentou os projetos de reabilitação, que foram aprovados pelo DNIT em Brasília.
Já a construção da nova ponte ainda não foi iniciada, pois os relatórios técnicos e projetos executivos estão em fase de análise e aprovação”,
informa o trecho da resposta assinada pela Ouvidoria do DNIT.
População cobra transparência e ação efetiva
A demora contrasta com as promessas públicas feitas em junho por representantes políticos ligados aos governos estadual e federal, que asseguraram uma obra “emergencial e célere”. A falta de avanço concreto reforça a percepção de lentidão burocrática e ausência de prioridade, especialmente diante do risco estrutural que a ponte ainda apresenta.
Moradores, motoristas e empresários da região cobram transparência, cronograma realista e fiscalização independente. “As promessas ficaram só nos discursos. O trânsito continua perigoso, e o prejuízo aumenta a cada mês”, afirma um comerciante de Itapebi ouvido pela reportagem.
Comparações inevitáveis: o fantasma da ponte Salvador-Itaparica
O caso reacende o debate sobre grandes obras anunciadas e nunca concluídas na Bahia. Assim como a ponte Salvador-Itaparica, prometida desde o início da década passada, a nova ponte do Jequitinhonha corre o risco de se tornar mais uma promessa política sem execução.
Enquanto isso, a atual estrutura segue operando em condições limitadas e monitoramento constante, impondo insegurança e atrasos logísticos em uma das principais rodovias do Nordeste.
Os dados oficiais obtidos no sistema Fala.BR comprovam que as promessas de entrega rápida da nova ponte sobre o Rio Jequitinhonha não foram cumpridas. A reabilitação da ponte antiga avança lentamente, e o início da nova estrutura ainda depende de análises técnicas.
A população de Itapebi e de todo o Extremo Sul baiano espera que, desta vez, as palavras se convertam em obras reais — com transparência, fiscalização e compromisso público, para que a BR-101 volte a oferecer segurança e desenvolvimento à região.
Por Informações: Vinícius Brandão – Jornalista e Presidente CDL-Porto Seguro