Após dois anos sem aulas, APLB de Porto Seguro propõe greve de professores

Numa decisão insensata, intempestiva, corporativista e, sobretudo, paralela aos interesses da sociedade, a APLB (Sindicato dos Professores de Porto Seguro) resolveu em assembléia, conforme depoimentos de seus dirigentes, por uma greve na rede municipal de ensino em Porto Seguro.

A greve que teve início na segunda-feira, (28/03) foi considerada ilegal pelo Tribunal de Justiça da Bahia que também estabeleceu uma multa de R$1.000 por dia, em caso de descumprimento da decisão, e reconheceu os esforços da Prefeitura, através de negociações e tratativas, para remuneração condigna dos profissionais de ensino no município (leia aqui).

O curioso é que, devido à pandemia da Covid-19, os professores e alunos estão há quase dois anos sem freqüentarem as salas de aula, com prejuízos irreparáveis à educação de crianças e jovens, em todo o país. Não houve a menor sensibilidade do sindicato com a delicada situação.

Escorados em reivindicações periféricas, como reformas e ampliações das escolas, construção de escolas, além de transporte escolar de qualidade, a APLB escamoteia seu objetivo principal e motivador da decisão de greve, que é o repasse de 33,24% do piso salarial determinado por lei federal, promulgada pelo presidente Jair Bolsonaro.

As tratativas com a administração municipal para conciliar essa proposição, pois a grande maioria dos municípios brasileiros, especialmente da Bahia, alega insuficiência de caixa para cumprir a decisão do presidente e respeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal, simultaneamente, estavam em curso, quando veio a decisão intempestiva do sindicato, com a decretação da greve.

Uma posição nociva à comunidade, sem parâmetros e que sucinta dúvida sobre a postura da entidade.

Onde se encontrava a APLB quando a ex-gestora investigada, Cláudia Oliveira sucateou as escolas, ignorou o piso nacional e, até indenizações por invasão de terrenos foram pagas com recursos do FUNDEB ? Escolas foram maquiadas; quadrilhas no transporte escolar foram descobertas e denunciadas pelo MPF e PF, no âmbito das operações Gênesis e Fraternos, e, onde estava a APLB? Estas são apenas dúvidas que a sociedade, principalmente pais e cuidadores de alunos devem refletir.

A greve é um instrumento legítimo de luta dos trabalhadores e não deve ser banalizado.

Num momento como este, quando as atenções deveriam estar voltadas para os cuidados no retorno às aulas, evasão escolar e outras preocupações pertinentes à educação; cogitar greve é, no mínimo, estúpida insensatez e despreparo sindical.

O rompimento do diálogo e a precipitação da greve interessam a quem? Os alunos e a educação serão os maiores perdedores e prejudicados.

 

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