O ex-vereador de Salvador e atual presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Henrique Santana Carballal, foi condenado a 3 anos e 9 meses de prisão, além de 18 dias-multa, pela prática do crime de peculato, popularmente conhecido como “rachadinha”. A sentença, determinada pela juíza Virgínia Silveira Wanderley dos Santos Vieira, foi proferida numa sexta-feira, 21 de março de 2025, e ainda permanece no governo. O réu cumprirá a pena em regime aberto.
A condenação de Carballal chama atenção não apenas pela gravidade do crime, mas também pelo fato de ele ser um ex-dirigente do Partido dos Trabalhadores (PT) — legenda que, historicamente, adota um discurso veemente contra casos de corrupção e desvio de recursos públicos. Mesmo após a denúncia e o processo em andamento, Carballal foi nomeado para um cargo estratégico no governo estadual, presidido pelo também petista Jerônimo Rodrigues. O político chegou a ser afastado em 5 de junho de 2024, para coordenar a campanha fracassada de Geraldo Júnior à prefeitura de Salvador, no entanto, retornou ao cargo, ainda em outubro de 2024.
Segundo o Ministério Público da Bahia (MP-BA), entre os anos de 2009 e 2010, quando exercia o mandato de vereador em Salvador pelo PT, Henrique Carballal se apropriou, total ou parcialmente, dos salários de 19 assessores lotados em seu gabinete. Além disso, teria nomeado servidores fantasmas, com o objetivo de se beneficiar financeiramente dos vencimentos pagos pela Câmara Municipal.
A denúncia foi apresentada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em março de 2013. Após mais de uma década de tramitação, a Justiça decidiu pela condenação do ex-parlamentar, fixando o valor de cada dia-multa em cinco vezes o salário mínimo vigente à época dos fatos.
Além de Carballal, o chefe de gabinete Alex Emanoel da Silva também foi condenado por participação no esquema. Ele recebeu pena de 3 anos, 1 mês e 15 dias de prisão, além de multa. Segundo a sentença, Alex era o responsável pela arrecadação e repasse dos valores desviados.
Mesmo com a decisão judicial, Henrique Carballal continua à frente da CBPM, órgão responsável por levantamentos geológicos e prospecção mineral no estado, vinculado à estrutura do governo da Bahia.
A assessoria de comunicação de Carballal informou à imprensa que não irá se manifestar, alegando que a sentença ainda não foi publicada por meios oficiais.
A condenação de um ex-vereador do PT por “rachadinha” expõe um contraste entre o discurso ético e a prática política de integrantes do partido no estado, e reacende o debate sobre a coerência e a responsabilidade na ocupação de cargos públicos por figuras condenadas por corrupção.