Questão de identidade: Língua Patxôhã se torna oficial em Cabrália

O primeiro município onde os portugueses desembarcaram, em 1500, volta a fazer história ao reconhecer e institucionalizar o idioma Pataxó como língua cooficial, ensinada nas escolas e praticada livremente pelos seus filhos.

O Patxôhã não era a língua falada pelos indígenas de Santa Cruz Cabrália quando a frota de Pedro Álvares Cabral aqui chegou – o Tupi, hoje já está extinto -, mas, a mudança contempla os povos originários que habitam a região atualmente.

A proposta, de autoria do vereador Ernande Pataxó (PT), foi aprovada por unanimidade pela Câmara Municipal e sancionada pelo prefeito Girley Lage (PV), na quarta-feira, 12. A lei reconhece e cooficializa a Língua Patxôhã e também a Língua Indígena Pataxó de Sinais.

Dimensão simbólica

A superintendente de Políticas para os Povos Indígenas da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Patrícia Pataxó Hã Hã Hãe, participou da sessão solene na Câmara de Vereadores da cidade e destacou a dimensão simbólica e histórica do ato.

“Foi uma extrema alegria participar desse momento. A sanção dessa lei é algo inédito e extremamente importante para o povo Pataxó. A Língua Patxôhã representa a preservação da cultura e o reconhecimento da diversidade. Esse é um sonho concretizado, fruto da luta de nossos antepassados e dos anciões que sempre incentivaram o resgate da nossa língua”, afirmou.

Patrícia também ressaltou que a educação escolar indígena já vem incorporando o ensino da língua Patxôhã nas escolas municipais e estaduais do território Pataxó.

“Temos cerca de 35 professores que falam e ensinam a língua Patxôhã nas escolas. A Bahia já é pioneira na criação da carreira do professor indígena e esse trabalho fortalece a identidade cultural e linguística do nosso povo”.

Outro aspecto destacado pela superintendente foi a cooficialização da Língua Indígena Pataxó de Sinais, voltada à inclusão de pessoas surdas e com deficiência.

“A criação da Língua Pataxó de Sinais mostra a importância da inclusão. É um gesto grandioso do município, que reafirma o compromisso com a valorização do nosso povo e serve de exemplo para o Brasil afora”, completou.

Gesto Grandioso

O governador Jerônimo Rodrigues celebrou a iniciativa. “Esse gesto grandioso reafirma o compromisso com a diversidade cultural, a valorização dos povos originários e a preservação das identidades linguísticas que fortalecem a Bahia”, diz Jerônimo.

“Com esse importante passo, o município inspira todos nós a seguir pelo caminho da inclusão e do reconhecimento das nossas raízes ancestrais indígenas”, completa o governador.

A Bahia tem 33 povos e 245 comunidades indígenas. Mais de 229 mil baianos se declaram indígenas, sendo que a maioria é mulher. São quase 122 mil mulheres indígenas vivendo no estado.

 

Fonte: A Tarde

 

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