Megaoperação no Rio de Janeiro deixa mais de 50 mortos, incluindo dois policiais, e resulta em 81 prisões

O Rio de Janeiro amanheceu nesta terça-feira (28/10) sob intensa operação policial em várias comunidades da capital e da Baixada Fluminense. A ação, considerada uma das maiores já realizadas no estado, mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil, Militar e Federal, com o objetivo de prender 100 suspeitos ligados a facções do tráfico de drogas nas comunidades da Penha e no Alemão, no RJ. Até o final da manhã, o saldo era de 81 presos, 54 mortos — entre eles dois policiais —, além da apreensão de armas de grosso calibre, veículos e drogas.

A ofensiva ocorreu de forma simultânea em comunidades dominadas por facções rivais e foi marcada por confrontos intensos. Moradores relataram tiros desde a madrugada, além de explosões provocadas por drones usados por traficantes para lançar bombas caseiras contra as forças de segurança, um fato inédito no estado.

“Foi uma operação necessária e planejada para enfrentar o poder bélico das facções, que hoje desafiam o Estado com armamento de guerra e até tecnologia de ataque aéreo”, afirmou o governador Cláudio Castro (PL) em entrevista coletiva concedida no Palácio Guanabara.

Contradições e críticas ao governo federal

Durante a entrevista, Castro adotou um tom duro ao falar sobre o enfrentamento ao crime organizado, responsabilizando a União pela falta de integração e apoio ao Rio de Janeiro. “Estamos sozinhos nessa luta. O Rio precisa de ajuda real, não apenas discursos ou comissões. A guerra contra o tráfico é nacional, mas quem está na linha de frente somos nós”, afirmou o governador.

Entretanto, em outro momento, o próprio Castro reconheceu que há cooperação técnica com o governo federal, especialmente através da Polícia Federal e da PRF, o que gerou interpretações de contradição em suas declarações. “Temos parcerias importantes, sim, com as forças federais, mas falta coordenação e presença efetiva nas comunidades dominadas pelo crime”, acrescentou.

Escalada da violência e impacto nas comunidades

Com a megaoperação, diversas escolas suspenderam as aulas e o transporte público foi interrompido em áreas de conflito, como Complexo da Penha, Maré, e Parada de Lucas. Moradores relataram medo e dificuldades para sair de casa, enquanto as forças de segurança intensificavam as buscas por líderes do tráfico e responsáveis pelos ataques com drones.

Segundo balanço parcial da Secretaria de Segurança Pública, foram apreendidos fuzis, granadas, carregadores, munições e veículos blindados improvisados pelos criminosos, além de equipamentos usados para o controle de drones.

Apesar da operação ter sido considerada “bem-sucedida” pelo governo estadual, organizações de direitos humanos e entidades civis voltaram a criticar a letalidade policial e o impacto sobre civis, cobrando transparência nas investigações e nas circunstâncias das mortes registradas.

Clima político e cobrança por resultados

A megaoperação reacende o debate sobre a política de segurança no Rio de Janeiro, a autonomia das forças estaduais e o papel da União no combate ao narcotráfico. Em meio à tensão, Cláudio Castro tenta reafirmar sua liderança no tema, ao mesmo tempo em que suas declarações revelam divergências com o governo federal e incoerências no discurso sobre cooperação institucional.

Enquanto isso, a população fluminense segue refém da violência que, mais uma vez, transforma as ruas em cenário de guerra.

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