Na manhã desta quinta-feira (27/11), uma força-tarefa deflagrou a maior operação contra sonegação fiscal e lavagem de dinheiro já vista recentemente no país — a ação mira 190 alvos ligados ao Grupo Refit, dona da antiga refinaria de Manguinhos (RJ), e a dezenas de empresas do setor de combustíveis.
Batizada de Operação Poço de Lobato, a mobilização envolve 621 agentes públicos, com participação de promotores, auditores da Receita Federal, secretarias estaduais e municipais de Fazenda, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), e as polícias Civil e Militar.
Os mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em cinco estados — São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Maranhão —, além do Distrito Federal.
O que a investigação aponta
O Grupo Refit é apontado como o maior devedor de ICMS de São Paulo, o segundo maior do Rio de Janeiro e um dos maiores da União — com um passivo tributário bilionário.
Investigadores apontam que o esquema envolvia uma rede sofisticada de holdings, offshores, fintechs, fundos de investimento e empresas de fachada para driblar o fisco.
As irregularidades incluíam simulação de operações interestaduais de combustíveis, venda fictícia entre empresas ligadas e ocultação patrimonial, para evitar o pagamento de impostos.
O tamanho da fraude e prejuízo aos cofres públicos
As autoridades estimam que o rombo causado pelo grupo aos estados e à União supere R$ 26 bilhões.
Para garantir a recuperação de créditos tributários, a Justiça já determinou o bloqueio de bens e valores ligados aos investigados — foram comprometidos mais de R$ 10,2 bilhões em imóveis, veículos e outros ativos.
Além disso, há indicações de que o grupo, entre 2024 e 2025, movimentou quantias bilionárias por meio de offshores, fintechs e instituições financeiras, num modelo desenhado para ocultar a origem dos recursos e manter a blindagem do patrimônio.
Parceria institucional e alcance da operação
A Operação Poço de Lobato é coordenada pelo Cira-SP (Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo), com apoio da Receita Federal, PGFN, secretarias da Fazenda estadual e municipal, além de promotores e polícias estaduais e municipais.
O alcance da operação é nacional: os mandados estão sendo cumpridos simultaneamente em seis unidades da federação, o que demonstra a dimensão da investigação e a articulação entre diversos entes federais, estaduais e municipais.
Segundo autoridades, a ação representa um marco importante no combate à sonegação estruturada e à lavagem de dinheiro no setor de combustíveis, com impacto potencial direto nas contas públicas — recursos que poderiam ser destinados a serviços essenciais, como saúde e educação.
Contexto e desdobramentos esperados
O Grupo Refit já vinha sendo investigado em operações anteriores — sua refinaria havia sido interditada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) por suspeitas de irregularidades no processo de importação e refino de combustíveis.
Com a deflagração da Poço de Lobato, a expectativa é a de que o inquérito leve ao desmonte completo da estrutura usada para fraudes, com responsabilização criminal dos envolvidos e recuperação de boa parte do valor devido aos cofres públicos. Advogados e representantes da empresa ainda não se manifestaram oficialmente até o momento.
Veja infográfico abaixo:
Infográfico da Operação Poço de Lobato
Data da deflagração:
Quinta-feira, 27 de novembro de 2025
Nome da operação:
Operação Poço de Lobato
Alvo principal:
Grupo Refit (antiga refinaria de Manguinhos + empresas ligadas ao ramo de combustíveis)
Sócio / principal responsável indicado:
Ricardo Magro
Número de alvos (pessoas físicas e jurídicas):
Cerca de 190 alvos visados pelos mandados
Regiões/Unidades da Federação onde há mandados:
Estados de SP, RJ, MG, BA, MA e também o Distrito Federal
Agentes públicos mobilizados
Mais de 621 agentes — promotores, auditores da Receita Federal, secretarias da Fazenda, polícias civis e militares etc.
Prejuízo estimado aos cofres públicos: R$ 26 bilhões (somados débitos de ICMS e outras obrigações tributárias)
Medidas de bloqueio de bens/valores:
Justiça determinou bloqueio de R$ 10,2 bilhões em ativos dos investigados (imóveis, veículos e outros bens) para assegurar crédito tributário.
Métodos suspeitos de fraude segundo investigação:
Uso de holdings, offshores, fintechs e fundos de investimento; empresas de fachada; simulação de operações interestaduais de combustíveis; lavagem de dinheiro e ocultação patrimonial.
Objetivo da operação:
Desarticular suposto esquema de fraude tributária e lavagem de dinheiro, recuperar créditos de ICMS/devedores, responsabilizar envolvidos e recuperar bens públicos.
Contextualização e Alcance do Caso
O Grupo Refit era considerado o maior devedor de ICMS do estado de São Paulo e também figura como um dos maiores devedores da União.
A rede de empresas e entidades utilizadas pelo grupo tinha abrangência nacional — com atuação não limitada a um estado — o que fez a operação atingir múltiplas regiões simultaneamente.
Os bloqueios de bens e valores visam garantir que, caso seja confirmado o débito e a responsabilidade dos envolvidos, os cofres públicos consigam recuperar uma parte significativa do valor sonegado.