Bolsonaro conclama votos para deputados e senadores e sugere governar o país sem a presidência

Em um discurso carregado de simbolismo político e fortes provocações institucionais, o ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a chamar atenção neste fim de semana ao declarar que poderia “comandar o país” mesmo sem estar na Presidência da República. A fala ocorreu durante um evento político com apoiadores, e destacou-se pela conclamação explícita ao voto em candidatos ao Congresso Nacional de sua base ideológica.

“Com 50% da Câmara e do Senado, mudamos o Brasil. Fazemos os presidentes das Casas e comandamos o país”, afirmou Bolsonaro, arrancando aplausos da plateia. A declaração surpreende por evocar uma lógica própria de regimes parlamentaristas, destoando do sistema presidencialista adotado pela Constituição brasileira.

Ainda inelegível até 2030, após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro sinaliza, por meio de sua fala, um novo caminho estratégico para manter influência direta sobre o poder. A ideia de que poderia dirigir o país por meio de maioria no Congresso, independentemente de ocupar ou não o Planalto, sugere uma tentativa de reconfiguração política à margem do modelo institucional vigente.

A fala causou reações e preocupações em diversos setores da sociedade, especialmente por conter elementos que beiram a afronta aos demais Poderes da República. Bolsonaro chegou a sugerir, em tom velado, que uma eventual maioria no Parlamento poderia ser usada para abrir processos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), numa clara alusão a embates passados com a Corte.

A retórica bolsonarista reafirma a estratégia de manter sua base mobilizada e engajada para as eleições legislativas, mesmo fora da disputa presidencial. No entanto, as implicações de suas falas reacendem o debate sobre os limites institucionais do discurso político e a ameaça latente de tensionamento entre os Poderes.

Analistas políticos apontam que o ex-presidente tenta se posicionar como uma espécie de “primeiro-ministro informal” de um governo paralelo, comandado à distância por meio de aliados no Legislativo. A ideia, ainda que inconstitucional na prática, é uma tentativa de driblar sua inelegibilidade e manter poder de decisão e influência no cenário nacional.

A repercussão nas redes sociais foi imediata. Aliados elogiaram a “estratégia visionária”, enquanto críticos classificaram o pronunciamento como uma ameaça ao Estado democrático de direito.

O Brasil segue assistindo à movimentação de Bolsonaro e seus apoiadores com atenção. O discurso de conclamação à formação de uma maioria legislativa não apenas pavimenta o caminho para o fortalecimento da direita bolsonarista nas próximas eleições, como também acende alertas sobre os rumos democráticos do país.

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