A candidatura-escada: Flávio Bolsonaro protagoniza a maior trapalhada política do ano e revela o método que rege o clã

A “pré-candidatura” de Flávio Bolsonaro à Presidência não durou nem o tempo de uma manchete. Bastaram 48 horas para o senador desmontar, com uma única frase, a frágil encenação montada pelo PL:

“Minha candidatura tem um preço para desistir.”

Se a intenção era projetar força, o resultado foi justamente o contrário. A declaração foi recebida como um atestado de mercenarismo político, um escorregão que muitos aliados trataram não como acidente, mas como sinceridade involuntária. Flávio disse o que não podia — mas disse o que muitos sempre acharam que ele pensava.

O desastre anunciado: aliados chamam de “circo” e “estelionato político”

Nos bastidores da direita, a reação foi imediata e devastadora. Dirigentes do PL qualificaram o episódio como uma “humilhação pública”, enquanto parlamentares descrevem a cena como “a prova final de que o bolsonarismo virou refém de seus próprios improvisos”.

Ninguém ali acreditava na candidatura — e agora, nem Flávio finge acreditar. O que chocou foi o senador ter confessado, sem rodeios, que tudo poderia ser negociado.

A política, no método Bolsonaro, parece funcionar exatamente como seus críticos sempre denunciaram: uma extensão dos interesses pessoais da família, e não um projeto de país.

O objetivo oculto (e óbvio): salvar o patriarca

Embora ninguém admita oficialmente, a interpretação mais ácida entre líderes políticos é a de que a encenação de Flávio tinha um propósito muito menos nobre: tentar fabricar relevância suficiente para pressionar por uma solução política para Jair Bolsonaro, preso pela Polícia Federal por tentativa de golpe.

É a velha tática: criar confusão, mobilizar emocionalmente a base mais radicalizada e tentar transformar questões judiciais em perseguição política.

Só que desta vez o truque falhou, e falhou feio.

A frase do “preço” deu a entender que até a candidatura usada como instrumento de vitimização familiar poderia ser trocada, vendida, ajustada — como se o futuro da República fosse uma ficha de negociação no balcão da família Bolsonaro.

Briga doméstica: Michelle em ascensão, Flávio em pânico

Dentro do PL, interpreta-se que Flávio tentou, sem sucesso, reagir ao crescimento político de Michelle Bolsonaro. A ex-primeira-dama tem ampliado sua influência, articulado alianças e conquistado o respeito de lideranças evangélicas e partidárias.

Flávio, por sua vez, tem colecionado desgastes.

A “candidatura-relâmpago” foi vista como um movimento desesperado para impedir que Michelle se tornasse a voz dominante do clã, algo que muitos aliados dizem já ser irreversível.

Ao final, Michelle saiu ainda mais fortalecida.

E Flávio saiu parecendo um personagem de comédia política, daqueles que tropeçam no próprio figurino antes mesmo de subir ao palco.

A obsessão pelo aval de Trump

Analistas observam que a jogada também foi encarada como um aceno ridículo ao presidente americano Donald Trump, uma tentativa de lembrar aos norte-americanos que os Bolsonaro ainda existem.

O gesto, porém, soou mais como bajulação de quinta categoria.

Enquanto Trump reconstrói suas alianças globais, Flávio tenta aparecer acenando de longe, com uma candidatura que derreteu antes do anúncio terminar.

Tarcísio agradece: Tarcísio se livra da “tornozeleira Bolsonaro”

Se houve um beneficiado no meio do caos, foi Tarcísio de Freitas.

Para o governador de São Paulo — cada vez mais visto como candidato natural da direita — a desastrosa performance de Flávio serviu como libertação.

“O Bolsonaro virou peso morto”, confessou um aliado do centrão, em off.

A palhaçada da candidatura-relâmpago permitiu a Tarcísio se afastar da família sem parecer traidor, deixando claro que seguirá seu próprio caminho, agora com apoio declarado da Faria Lima e de quem realmente decide eleições no Brasil profundo.

“Família, tradição e propriedade”: o lema que se autodesmascara

Entre críticos, a declaração de Flávio virou meme instantâneo:

“Se até desistir da candidatura tem preço, imagine o resto.”

O velho bordão usado por apoiadores — família, tradição e propriedade — ganhou interpretação inescapável:

a família defendida ali sempre foi a deles,

a tradição é a de transformar política em negócio particular,

e a propriedade é a do próprio projeto de poder, tratado como espólio privado.

Nenhuma ironia poderia ser mais precisa.

Conclusão: Flávio não destruiu só sua candidatura — destruiu a fantasia de profissionalismo do bolsonarismo

A entrevista de Flávio Bolsonaro não foi só uma gafe; foi uma revelação pública do modus operandi do clã. Sem roteiro, sem estratégia, sem responsabilidade pública — e com um único foco: a sobrevivência política e jurídica da própria família.

A implosão da candidatura foi rápida, mas pedagógica.

Ela expôs as rachaduras internas, revelou a batalha silenciosa pelo comando do bolsonarismo e mostrou que a direita, cansada do caos familiar, já busca alternativas mais sérias.

Flávio, com uma única frase, confirmou tudo o que os críticos sempre disseram.

E ofereceu ao país — involuntariamente — a radiografia mais sincera do projeto político dos Bolsonaro:

uma política de balcão, onde até desistir tem preço.

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