No Brasil, a inflação não tem a dimensão dramática que os argentinos estão enfrentando. Os números são muito menores. Mas, para os cidadãos mais pobres, a subida de alguns preços também pode obrigar a mudar os hábitos de consumo.
A auxiliar de RH Ryllenea Souza tem dois filhos e está desempregada. O item indispensável na mesa é motivo de reorganização na hora das compras. “A gente sempre comprava no final do mês, questão de caixa – duas ou três caixas com doze. E agora nem isso. Cinco, seis leites na compra”, conta.
Pelos cálculos do IBGE, nos últimos 12 meses, o leite longa vida subiu 18%. E o leite em pó, quase 20%.
“A gente também teve custos de transporte que subiram ao longo dos últimos tempos. A gente tem ainda fertilizantes com preços elevados, o que prejudica bastante a qualidade do pasto. Além disso, o custo das rações subiu bastante, e a própria estiagem que a gente enxerga ainda em algumas áreas dentro do Brasil fazem com que fique mais caro manter o gado no pasto. Então isso tem prejudicado bastante a oferta”, explica Juliana Inhasz, professora de economia do Insper.
A disparada do leite também fez subir o preço dos seus derivados:
- Em um ano, a alta da manteiga passou de 17%. Valor parecido com o aumento do iogurte;
- O leite condensado subiu mais de 30%;
- E queijo, para muitos, virou artigo de luxo.
“Antigamente a gente comprava bastante. Agora, quando estou a fim de comer, eu peço para minha filha ir para padaria e comprar duas fatias. Então, diminuiu bastante”, conta Ryllenea Souza.
Quando um produto fica mais caro, o consumidor sempre procura substitutos. Mas com o leite, isso é muito difícil. Alternativas mais próximas, como leite de soja ou leite de amêndoas são ainda mais caras — então, no fim das contas, é preciso estar atento àquela regra que sempre funciona quando o assunto é inflação: fazer uma boa pesquisa.
“Olho no online. E aí vejo os mercados da região que tem o melhor preço e vou buscar”, diz a aposentada Cícera Andrade, diz a aposentada Cícera Andrade.
“Eu vejo preço e eu vejo para comprar de quantidade. Acaba saindo um pouco mais em conta”, diz a publicitária Paola Joppert Dale.
Comprar no atacado é mesmo uma das dicas para tentar economizar. Mas também é preciso ficar atento.
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Por Jornal Nacional –